30.1.07

Saudades da Vovó


Hoje é comemorado o Dia da Saudade e esta terça-feira despretensiosa e chuvosa ficará marcada na minha memória, trazendo doces lembranças da vovó Maria Joana, que partiu para sua morada celestial, deixando o legado de uma vida exemplar, testificada por todos que estiveram em Itaguaí para lhe prestar a última homenagem.

A caminho de Itaguaí, trajeto que sempre fazemos com alegria, cheios de planos e expectativa, o clima era silencioso, em reverência à matriarca baiana que gerou 11 filhos e foi presenteada com 20 netos e 11 bisnetos. A lembrança daquela simpática e carinhosa senhora baixinha, sorridente, com seu vestidinho estampado com flores bem miúdas e delicadas, assim como ela, é de alguém pronto para servir. Vovó não parava quieta, estava sempre fazendo alguma coisa para servir as pessoas que amava. Adorava cuidar de suas plantas, das roseiras vistosas, da horta no quintal, das galinhas. Tinha um prazer enorme em suas atividades e contagiava-nos com uma disposição implacável.

Lembro-me dos ovinhos que retirava das galinhas para nos servir, da jaca, da cana, da jabuticaba, do arroz amarelinho e da batatinha frita em cubinhos. Comida de vó realmente tem um sabor divino, inexplicável, um dom distribuído criteriosamente para essas senhoras tão amáveis e portadoras de uma herança, que hoje em dia está se esvaindo: cuidar de pessoas, servir, dedicar tempo para arrancar um sorriso de alguém e marcar com lembranças como essas que tenho de minha vó. Uma mulher de fibra, exemplar e que sabia como poucos o valor de doar o seu melhor, sem esperar nada em troca.

As férias na casa da vovó em Itaguaí fazem parte da minha memória gustativa, que a cada clarear na minha mente, exala recordações de um tempo inesquecível, saborosamente saudosista. O mais importante na vida são as pessoas, e a forma como lidamos com elas, vale mais que qualquer tesouro, reconhecimento ou prazer. Obrigada vó pelo exemplo que você me deu. Prometo me esforçar para cultivar relacionamentos tão sólidos quanto você. O que a senhora nos deixa não é passageiro, nem corruptível, mas eterno. Que Deus a receba com toda a honra que merece. Agora, os anjos é que vão provar de suas delícias. Bem-aventurados os anjos....

17.1.07

Depois de morrer o homem do macarrão instantâneo, agora é a vez do homem do bolo

Morreu hoje aos 90 anos em uma clínica em Hamburgo (norte da Alemanha) o empresário Rudolf August Oetker, conhecido como o "Dr. Oetker". O anúncio foi feito pelo porta-voz da empresa Dr. Oetker, com sede em Bielefeld, no norte do país. À frente de uma das mais importantes empresas alemãs, famosa por seus bolos instantâneos, doces especiais e fermentos para tortas e pães, Oetker foi um dos protagonistas do renascimento econômico da Alemanha do pós-guerra.

Rudolf August Oetker, neto do farmacêutico e fundador da sociedade "Dr. August Oetker", foi trabalhar na empresa aos 25 anos de idade em 1941, quando esta era ainda uma pequena produtora de fermento e outros ingredientes alimentícios. Quando seu padrinho Richard Kaselowsky e uma parte de sua família morreram em 1944 vítimas de bombardeios, teve de assumir sozinho a liderança da empresa. Em meio século de atividade, Oetker transformou a pequena sociedade de Bielefeld num colosso da indústria alimentícia, que opera em escala global com um faturamento de mais de 7 bilhões de euros. Em 1981, Rudolf Oetker deixou a direção administrativa da empresa para o filho August, mas se manteve como presidente do conselho do grupo.

16.1.07

João Batista já conhecia os benefícios do camarão do deserto

“(...) E alimentava-se de gafanhoto e mel silvestre”, Mateus 3: 4.

João Batista já conhecia já “camarão do deserto” há mais de dois mil anos e este era a base de sua alimentação. A Nigéria também descobriu as virtudes deste vilão das plantações e deu um jeito de exterminá-lo matando outra praga: a fome. Segundo nota na BBC Brasil, o uso de gafanhotos como alimento é bastante popular na região noroeste da Nigéria. Os insetos costumam afetar as plantações, mas os nigerianos dizem que 'dão o troco', comendo-os. Para capturar os gafanhotos, é necessário usar roupas grossas e botas. A lanterna é usada para atrair os insetos e iluminar o caminho no deserto, à noite. Um saco de insetos pode chegar a valer US$ 30 (R$ 64 reais) no mercado em Borno. Antes de fritá-los em óleo vegetal, as cozinheiras tiram as asas dos gafanhotos. Além de saborosos, os gafanhotos são um alimento nutritivo, muito rico em proteína.


Conclusão: João Batista era um homem saudável.

8.1.07

O segredo do Google é a comida

Google não foi eleita a melhor empresa para se trabalhar nos EUA à toa. Não é de hoje que observo o cuidado que a companhia tem com seus funcionários. Certa vez li uma nota que me deixou surpresa. O Google estava selecionando dois chefs de cozinha para elaborar o cardápio da empresa, que oferece refeições gratuitas.

Segue nota - 05/12/2005

"Google oficializou sua busca por chefs de cozinha para tocar o cardápio das refeiçõe de sua sede em Mountain View, na California. Procura 2 profissionais, ou 'executive chefs', capazes de desenvolver menus ecléticos - de comida vegetariana à pizza assada em forno de lenha. O co- fundador Sergei Brin, diz em release que os 2 'engenheiros da culinaria" terao papel importante na "gestao do crescente apetite da companhia' ".

E não é que o cara está certo! Que visão! Por isso, que o Google é o Google. Que estratégia: os engenheiros da culinária têm relação direta com o crescimento da empresa. E isso foi em 2005. De lá pra cá, não precisa dizer o quanto esta empresa cresceu.

Essa declaração me fez lembrar uma citação de Alexandre Dumas no livro "Memórias Gastronômicas". Ele dizia que, no Antigo Regime francês, o cozinheiro governava o estômago e, quem sabe, influenciava os encantadores, ágeis e grandes pensamentos do ministro? . Taí, o google também usa seus cozinheiros para influenciar a mente criativa dos funcionários. Ta dando certo!

O segredo é a comida.... Afinal, uma boa refeição é fundamental para se ter um bom dia de trabalho e, nesse caso, para o bom andamento da empresa. O Google parece saber o quão importante é esse horário de pausa em que a comida muitas vezes fica em segundo plano. Além de ter que resolver compromissos pessoais neste período, a falta de opções saudáveis ao redor dos postos de trabalho, muitas vezes, é escassa. A rotina acaba fazendo com que a alimentação fique relegada a segundo plano, sendo substituída por porções que não fazem bem ao corpo, que dirá à produtividade.

A hora da comida é sagrada no Google! Prova disso é que os funcionários têm tempo para cuidar de sua vida pessoal, sem interferir neste tempo de prazer.


Quem me dera...


Sempre tive problemas para almoçar no trabalho. Valorizo muito o momento de almoço, gosto de mesa posta, comida fresca, com boa aparência e, claro, saborosa. Para minha produtividade ao longo do dia é fundamental almoçar bem. Mas nunca dei muita sorte. Não ter boas opções para comer era um tormento. Poucos entendiam a minha angústia. Volta e meia ia almoçar em lugar legal, aí era festa! O dia ficava com a textura de uma mousse de chocolate: bem leve e areado!

E marmita não é comigo também. Pode parecer frescura.... mas não consigo comer de forma alguma em marmita. O recipiente altera o sabor e não há solução que me faça sorrir para uma marmitex. Já tentei várias, nada deu certo. Eu até chorava na hora do almoço porque era uma tortura saber que não ia comer bem.

Virada carioca

Enfim, deu uma guinada na minha vida e fui trabalhar em casa, aí sim. Como eu comemorei! Poderia almoçar todos os dias uma comidinha saborosa, caseira mesma, feita por mim. Nada melhor e mais motivador. E há dois anos tenho essa rotina de almoçar em casa. Faço questão de conciliar meus compromissos antes ou depois do almoço. A maior vantagem dessa mudança foi comer em casa. E isso refletiu de forma positiva na minha vida profissional.

Agora, com a Malagueta, almoço sempre na casa da Carol, que tem uma comida saborosa, a qual já me acostumei e saboreio com vontade, como se estivesse na minha casa. Eta comida boa! Aprendi até a comer arroz integral. Enfim, sempre almoço em casa. É muito raro não fazer minha refeição predileta em meu lar doce lar ou na casa da Carol. Adoro isso! Me faz bem.



Comida em destaque na tecnologia

Hoje, ao ler a nota de que o Google era a melhor empresa dos EUA, corri para ver o que dizia sobre o quesito alimentação e minha admiração só aumentou. A nota destaca exatamente esse ponto.

“a variedade de alimentos disponibilizados gratuitamente aos empregados acaba por chamar a maior atenção. Além dos cafés e restaurantes espalhados pelos escritórios, no Google há salas de lanche com barras de cereais, doces, iogurtes, refrigerantes, frutas, e uma dúzia de diferentes bebidas. E não é só a variedade: a comida é tão boa que alguns chegam a sonhar com ela, como o diretor de recursos humanos Stacy Sullivan, fã da farinha de aveia irlandesa com grãos de café frescos.”

O cafezinho, outro momento importante do trabalho, é exaltado na companhia. Os funcionários têm uma hora para o café, que agrega muitas vantagens no trabalho. Nada menos do 11 cafeterias para deixar o funcionário com a memória bem arejada e esperto!

A prova de todo esse investimento são os lucros, que não param de crescer. Viva a comida e seus benefícios para a tecnologia!

3.1.07

100 anos depois, a indústria de alimentos ainda é “A selva”

The New York Times

Nada no “A selva” se prende ao leitor tanto quanto o que foi dentro das salsichas. Havia o presunto apodrecido que não podia mais ser vendido como presunto. Havia as fezes do rato, veneno de rato e ratos envenenados inteiros. Mais refrescante, havia as coisas sem nome “que em comparação com o que o rato envenenado, era um bocado”.

Upton Sinclair escreveu “A selva” como um trabalho revelado. Ele esperava que o livro, que foi anunciado como “A cabine do tio Tom de escravidão de salários”, levaria a melhorias para as pessoas para quem ele dedicou o livro, “os homens trabalhadores da América”. Mas leitores do “A selva” ficaram menos chocados com as descrições horríveis das condições de trabalho do que sobre o que eles aprenderam sobre suas comidas. “Eu mirei no coração do público”, ele declarou, “e por acidente eu atingi o estômago”.

“A selva”, e a campanha que Sinclair fez depois de sua publicação, levou diretamente a passagem de uma lei de limite federal de segurança de alimentos, que completou 100 anos essa semana. Sinclair acordou a nação não somente para os perigos do suprimento de alimentos, mas para o papel central do governo em mantê-lo seguro. Mas os envenenamentos dos comedores de espinafre e clientes do Taco Bell recentemente tornaram claro, a batalha está longe de acabar – e nos últimos anos, nós estamos indo para a direção errada.

Quando “A selva” foi publicada, a reação pública foi instantânea. Leitores indignados inundaram o presidente Theodore Roosevelt com cartas. Roosevelt era ambivalente, mas ele convidou Sinclair para almoçar na Casa Branca, e prometeu mandar seu encarregado da força de trabalho e assistente da Secretária do Tesouro para Chicago para investigar.

Sinclair foi para um hotel em Nova York e começou uma campanha publicitária. Ele escreveu artigos com títulos como “Campanha contra os envenenadores de atacado da comida da nação”, e lançou mais detalhes de revirar o estômago. Armour fez seus presuntos conservados, ele anunciou, pegando pedaços de bife defumado, “mofado e cheio de vermes”, e incrementando-os com restos de presunto. Em uma carta do jornal para o editor, ele desafiou J. Ogden Armour, o magnata dos frigoríficos, a processar por difamação.

Sinclair suspeitou que o time de Roosevelt faria uma ocultação. Mas seu relatório reforçou as alegações do “A selva”. Incluía uma exibição das imagens de Sinclair, como trabalhadores usando o toalete sem sabonete ou papel higiênico e retornando “diretamente desses lugares para mergulhar suas mãos não lavadas na carne”. A indignação pública continuou a crescer, e o momento para a reforma se tornou impossível de parar.
Como resultado da cruzada de Sinclair, o congresso passou o Ato de Comidas e Drogas, que foi efetivamente bloqueado pela indústria, e a nova lei montou um sistema de inspeções federais. Comida tinha que ser rotulada, e era ilegal adulterar seu conteúdo. Leis futuras expandiriam nessa nova e declarada responsabilidade governamental para garantir a segurança da oferta de alimentos da nação.

Nos últimos anos, o momento mudou. Desde a era Reagan, conservadores tentaram transformar a “regulação governamental” em um epíteto. Livros como “A morte do senso comum”, um campeão de vendas de 1990, alterou os fatos para argumentar que leis como a regulamentação requerendo que restaurantes lavem os pratos de uma maneira que mate a salmonela, são, de alguma maneira, uma violação da liberdade.

Segurança de alimentos foi particularmente atingida por esse clima anti-regulatório. Bactérias nocivas são extremas em instalações de frigoríficos e em campos de produção, mas a vigilância do governo está se desgastando. A administração Bush reduziu o número de inspetores da Administração de Comida e Droga, e instalou um ex-lobista da indústria de gado como o chefe do Departamento de Agricultura. Mas esse é um diferente momento promissor para a segurança de alimentos. Ampla atenção da mídia foi dada para a contaminação de espinafre do último outono, que matou três e prejudicou mais de 200 em 26 estados, e para a intoxicação da comida do Taco Bell, que deixou dúzias de pessoas doentes.

E democratas adquiriram novamente o Congresso, que deve ter audiências para chegar ao fim desses recentes desastres de comida e de explorar quais deverão ser os próximos. Isso deverá dar maiores orçamentos para inspeções de alimentos e, como as leis patrocinadas pelos democratas pedem, criar uma única agência federal responsável por segurança de alimentos.
As poderosas indústrias de carne e produção podem contar em chamar seus aliados no Congresso e na Casa Branca para ajudar a resistir. Isso não seria surpresa para Sinclair, que já reclamava em 1906 que Armour & Co. contribuiu com US$ 50.00 para o partido republicano, e que as indústrias de carne contrataram um oficial proeminente do governo “como conselheiro confidencial para problemas de inspeção federal”.
A resposta, acreditava Sinclair, era sempre a mesma: prover para a população americana a verdade de que eles precisam se proteger. “A origem de uma reforma genuína nesse assunto”, Sinclair insistiu, “é uma opinião pública esclarecida”.

Adam Cohen

2.1.07

Prep Kitchen: comida saudável sem trabalho

Patti Coulthard é uma inglesa solteira com uma agenda de trabalho frenética, que adora convidar os amigos para jantares e variar o cardápio em cada ocasião.

Mas, em vez de passar horas em supermercados, mercearias, peixarias e açougues, e depois virar escrava do fogão, ela optou pelo novo conceito de cozinha da Inglaterra - a chamada “prep kitchen”, ou cozinha preparada, da Dinners Made.

A idéia é simples. Você reserva uma sessão numa cozinha impecável, onde seu trabalho se resume a escolher um prato e prepará-lo. Toda a parte chata e trabalhosa fica por conta da empresa: uma ajudante faz as compras, pica ingredientes e lava a louça. No cardápio, cada prato vem com instruções passo-a-passo.

Alguns minutos depois de chegar à Dinners Made em Richmond, a oeste de Londres, Coulthard já está vestida com o kit de avental e luvas de látex e ocupada em temperar filés de peixe com tarragon, dill, pimenta do reino e azeite de oliva.

“Se você não tem muito tempo, isso é simplesmente fantástico”, disse ela à Reuters. “Todos os alimentos são frescos, você sabe exatamente o que está acontecendo, e o sabor é ótimo”.

Menos de meia hora mais tarde, Coulthard vai para casa com seis porções de peixe com creme de pimenta vermelha para seus convidados - enquanto os funcionários da cozinha já estão limpando, lavando e cortando os ingredientes frescos para o próximo cliente.

O conceito de cozinhas preparadas foi introduzido nos Estados Unidos há cerca de cinco anos, e mais de 1.000 cozinhas desse estilo já abriram nos últimos anos.

Cozinha industrial

Os fãs da idéia dizem que é divertido criar quantidades relativamente grandes de comida saudável por um bom preço - a uma média de 3 libras (cerca de US$ 5,90) por pessoa.
Steve Cox, sócio de Lloyd e chefe de cozinha responsável pela loja inaugural da Dinners Made, diz que é uma idéia oportuna que vai preencher um nicho crescente no mercado de alimentação britânico.

Isso por que, segundo ele, o governo britânico quer incentivar formas de alimentação mais saudável para evitar as crescentes ameaças de obesidade e diabetes. “Nosso alvo são as mamães gulosas e profissionais ocupados, mas também, por causa do preço, é uma boa opção para famílias normais que querem comer comida caseira com qualidade de restaurante”, disse ele à Reuters.

“Nossa principal vantagem é que os alimentos são frescos - você pode ver isso, sentir, cheirar, tocar - você sabe exatamente o que foi colocado em cada prato porque é você quem prepara”.
Cox, que também é dono do restaurante Lone Star em Barbados e se define como um consultor de alimentação, rejeita as críticas de que Dinners Made não é nada mais do que uma linha de produção.

“Há também um pouco de aprendizado”, diz ele. “E as pessoas podem experimentar aqui coisas que elas nunca fariam em casa”.

“Temos um suflê de espinafre e parmesão em nosso menu. A maioria das pessoas iria pensar ‘Meu Deus, um suflê! Nunca vou conseguir fazer isso’. Mas você segue as instruções e pode levá-lo para casa para congelar ou prepará-lo na hora”.